Best Cars
  • Avaliações
    • Avaliações
    • Comparativos
    • Guias de Compra
    • Os melhores nos testes
  • Passado
  • Colunas
    • Editorial
    • Carro, Micro & Macro
    • Todas as colunas
  • Notícias
  • Auto Livraria
    • Livros multimarca
    • Revistas nacionais
    • Revistas importadas
    • Todos os itens
  • Divirta-se
    • Carros preparados
    • Curiosidades
    • Fora de estrada
    • Supercarros
  • Teste do Leitor
    • Teste do Leitor – carros
    • Teste do Leitor – motos
  • Mais
    • Consultório Técnico
    • Técnica
  • Escreva-nos
Best Cars
No Result
View All Result
Home Informe-se Colunas Carro, Micro & Macro

Carros doentes precisam de médicos, não curandeiros

02/10/2018
in Carro, Micro & Macro

Carros doentes precisam de médicos, não curandeiros

Muitas atividades demandam registro e profissionais credenciados responsáveis, mas oficinas de automóveis não

 

Quando eu era criança, morava no bairro paulistano de Perdizes, a poucos quarteirões da empresa em que meu pai trabalhava. Pesquisando sobre profissões na internet, veio-me à mente a nítida imagem da borracharia que existiu na esquina da Rua Tanabi com a Av. Antártica em meados dos anos 1960. Lembrei-me de uma cena em que um garoto, aprendiz de borracheiro, veio todo contente mostrar um pneu careca que ele tinha acabado de riscar — prática ainda em uso — com um instrumento parecido com uma enxó. O riscado era igualzinho aos desenhos dos pneus do Pato Donald, com dois riscos paralelos, próximos dos ombros, e um terceiro ziguezagueando de um ao outro.

Aprofundando meu pensamento, lembrei-me de que meu sogro tinha um autoelétrico. Era um homem de extrema sabedoria, apesar de a vinda do Japão para cá pouco antes da Segunda Guerra ter interrompido seus estudos. Quando os carros começaram a ficar mais eletrônicos do que elétricos, ele vendeu a oficina. Conversando comigo, disse que, dali para frente, se ele errasse, poderia causar muitos acidentes e não se via numa posição tão crítica. Justamente hoje, quando publico esta matéria, ele completaria 94 anos.

 

Uma empresa séria atenderia a 26 legislações, das trabalhistas às ambientais, complexidade que não abrange a preparação dos profissionais

 

Carros doentes precisam de médicos, não curandeiros
Um instrumento tão crítico quanto um veículo, que transporta pessoas a mais de 100 km/h, não merece um registro no CREA?

Em 2012, o Renault Kangoo do instituto teve seu cano de escapamento rompido e levamos a um posto de escapamentos no Itaim Bibi para reparo. O atendente, muito constrangido, disse que não conseguiria pôr o carro no elevador porque não encontrou ponto de apoio no chassi. Telefonei ao meu irmão mecânico, que foi instruindo, pelo viva-voz do celular, como o outro deveria proceder. Deu certo e o tubo foi reparado. Foi uma situação muito constrangedora para a empresa e para o suposto profissional.

Não saber não é crime: crime é não saber como descobrir num ramo em que se cobra para atuar. Mais constrangedor ainda é saber que se trata de um estabelecimento profissional que, pela região em que se encontrava, certamente pagaria um aluguel significativo. Também, com toda a certeza, como empresa séria, teria de buscar em nada menos que 26 diferentes legislações todas as normas, indo das trabalhistas às ambientais, para estar em conformidade com a lei. Toda essa complexidade não abrange o principal, a preparação dos profissionais envolvidos.

Penso que construtoras têm que ter registro no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), hospitais têm que ter registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) e até canis têm que ter registro no CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) e contar com profissionais credenciados responsáveis, mas oficinas de automóveis não.

Apesar de esse segmento ter mudado muito, continuam a pulular “bocas de porco” pelas esquinas da periferia. São estabelecimentos com chão de terra, ferro velho espalhado, consumindo peças de procedência duvidosa e, se tiverem elevadores, eles sequer estão aparafusados ao piso como requerem as normas técnicas, pondo em risco automóvel, ocupantes e reparador. Já vi funilarias que “secavam” a pintura colocando latas queimando gasolina próximas do veículo por não contarem com uma cabine de secagem. E a saúde do trabalhador, como fica?

 

Auto Livraria

 

Lei sem multas

Será que um instrumento tão crítico quanto um veículo de mais de uma tonelada, que transporta pessoas a mais de 100 km/h, não merece um registro no CREA? O próprio sindicato dos reparadores preocupa-se com isso e, depois de 10 anos de tramitação, o Projeto de Lei estadual 328 foi aprovado pela assembleia do estado de São Paulo e, imediatamente, vetado pelo então governador. Mais tarde o projeto foi reapresentado e então sancionado, originando a lei nº 15.297/2014, que dá força às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) pertinentes à reparação de veículos automotores, incluindo exigência de preparação de seus profissionais e certificado de conformidade de seus instrumentos de medição.

O problema é que os artigos 6º e 7º, que estabeleciam as multas, foram vetados pelo mesmo governador, já em outro mandato, sob a alegação de as multas induzirem ao fechamento de muitos estabelecimentos e causarem desemprego. Mais uma vez, usou-se a miséria como argumento para justificar a informalidade. Foi o mesmo que vetar a lei uma segunda vez porque, sem punição, ninguém cumpre.

 

Reparar o freio em casa e causar um acidente é tão temerário quanto o exercício ilegal da Medicina, mas a sociedade não vê dessa forma

 

Ficamos à mercê do direito do consumidor, que é generalista e tem a função de dirimir questões de relacionamento comercial, não de impor qualidade aos estabelecimentos. A conformidade de um carrinho de cachorros-quentes não é uma questão de relacionamento entre fornecedor e consumidor, é um problema de higiene pública, de preservação da vida em direito difuso. Por que manter a reparação de automóveis em situação de tamanho amadorismo?

Se eu troco elementos do freio de meu carro em casa e causo um acidente, ajo de maneira tão temerária quanto quem exerce ilegalmente a Medicina, mas a sociedade não vê dessa forma. Exercer a mecânica sem preparo, mesmo como profissão por falta de oportunidades, não pode ser algo incentivado. Justamente para evitar isso é que existe a ASE (Automobile Services Excellence), cujo certificado tem cinco anos de validade para que se tenha razoável certeza de que os profissionais estão-se atualizando constantemente.

Trata-se de um ciclo de exames que abrangem motor, transmissão, eletrônica, suspensão e freios, sem discriminar os que aprenderam na prática, muito embora o recomendável seja cursar instituições como o Senai, que contêm currículos abrangentes e precisos em sua grade.

Num cenário de tamanha informalidade, como é que se pode calcar uma inspeção veicular em bases científicas? Por mais necessária que a vistoria periódica seja para garantir a segurança técnica do material rodante em nossos logradouros, ela deve ser precedida pela profissionalização da indústria de reparação. Só então poderemos adotar um modelo sério em que uma oficina vistoria, uma segunda executa os reparos exigidos e uma terceira confere o resultado dos reparos, certificando a circulação com segurança.

Coluna anterior

A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars

Foto: Designed by Rawpixel.com

 

Tags: Carro Micro e Macrocolunasmanutençãooficina

Related Posts

O Nobel de Economia e a indústria de automóveis
Carro, Micro & Macro

Indústria de automóveis: se não for para ficar, não venha

22/01/2021
O Nobel de Economia e a indústria de automóveis
Carro, Micro & Macro

O carro, suas tribos nas redes sociais e seus efeitos

08/01/2021
O Nobel de Economia e a indústria de automóveis
Carro, Micro & Macro

Trump e a indústria de automóveis: sucessos e fracassos

08/01/2021
O Nobel de Economia e a indústria de automóveis
Carro, Micro & Macro

Elétricos: carro não tem vela, mas vai com o vento

11/12/2020
O Nobel de Economia e a indústria de automóveis
Carro, Micro & Macro

Automóvel e hiperinflação: entre sustos e soluços

13/11/2020
O Nobel de Economia e a indústria de automóveis
Carro, Micro & Macro

Mercado de automóveis e o mito da recuperação em “V”

30/10/2020

Pesquise no site

Notícias

Renault Kiger: o míni-SUV da família Kwid em versão final

Renault Kiger: o míni-SUV da família Kwid em versão final

28/01/2021
Taos: revelado o SUV da Volkswagen contra o Compass

Volkswagen conta mais do Taos, seu SUV contra o Compass

27/01/2021
BMW M5 CS de 635 cv é o carro mais potente que a M já fez

BMW M5 CS de 635 cv é o carro mais potente que a M já fez

27/01/2021
Minis hatch e conversível renovam visual; Cooper S perde potência

Minis hatch e conversível renovam visual; Cooper S perde potência

27/01/2021

Receba nosso boletim gratuito

Auto Livraria

VW Kombi: revistas com 4 versões do utilitário mais popular

VW Kombi: revistas com 4 versões do utilitário mais popular

27/01/2021
Memórias: livro com os carros que marcaram os anos 60

Memórias: livro com os carros que marcaram os anos 60

26/01/2021
Motor 3: dezenas de edições de uma revista inesquecível

Motor 3: dezenas de edições de uma revista inesquecível

25/01/2021
Ford Escort XR3 2,0: revistas com o esportivo de 1993

Ford Escort XR3 2,0: revistas com o esportivo de 1993

21/01/2021

Avaliações

Virtus GTS e Jetta GLI: dois estágios em sedãs esportivos na VW

Virtus GTS e Jetta GLI: dois estágios em sedãs esportivos na VW

19/01/2021
Ranger Storm vs. Frontier Attack: torque (quase) acessível

Ranger Storm vs. Frontier Attack: torque (quase) acessível

05/01/2021
Desafio: o novo Peugeot 208 é melhor que Onix e Yaris?

Desafio: o novo Peugeot 208 é melhor que Onix e Yaris?

09/12/2020
Novo Nissan Versa soma belo estilo e conjunto competente

Novo Nissan Versa soma belo estilo e conjunto competente

05/11/2020
Cruze, Civic e Corolla: confronto dos médios mais vendidos

Cruze, Civic e Corolla: confronto dos médios mais vendidos

03/11/2020

Teste do Leitor

Volkswagen Nivus: duas versões a partir de R$ 85.890
Volkswagen

Volkswagen Nivus

22/01/2021
Chevrolet Equinox ganha motor 1,5 e versão Midnight
Chevrolet

Chevrolet Equinox

22/01/2021
Audi A3 Ambition, R$ 156 mil, ganha painel digital
Audi

Audi A3 (terceira geração) e A3 Sedan

22/01/2021
Chevrolet Onix Plus: ficha técnica e mais informações
Chevrolet

Chevrolet Onix (segunda geração)

22/01/2021
Volkswagen Golf (terceira geração) e Golf Variant
Volkswagen

Volkswagen Golf (terceira geração) e Golf Variant

22/01/2021
Mitsubishi Lancer 2018: versões partem de R$ 75 mil
Mitsubishi

Mitsubishi Lancer (hatch e sedã – geração atual)

22/01/2021
  • Como anunciar
  • Quem faz o site
  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • Política de privacidade